O Brasil que lê: Breve análise discursiva sobre “resistência” e “esperança”

Ana Slompo
12 min readApr 14, 2022

Introdução

Este exercício de análise tem como objetivo a investigação do prólogo da pesquisa O Brasil que Lê: Mapeamento e análise de projetos de formação de leitores no Brasil, que como capítulo foi intitulado “Para dar a ver O Brasil que Lê” e assinado em 30 de outubro de 2021. A pesquisa foi publicada em outubro de 2021 e realizada pelo Itaú Cultural, Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio, a Cátedra UNESCO de Leitura PUC-Rio e a JCastilho Consultoria, tendo como objetivo mapear histórica, geográfica e socialmente os projetos de leitura realizados dentro do espaço nacional, além buscar entender as práticas de leitura, quem são seus mediadores e as tecnologias utilizadas durante os processos. Nesta análise, nos deteremos no sintagma “praticam a resistência, esperança”, além de comentarmos sobre os aspectos tecnológicos trazidos à tona pela pandemia de covid-19.

De acordo com seu site, o projeto O Brasil que Lê busca essencialmente entender como projetos de ação contínua são importantes para a compreensão de como é a leitura socialmente no Brasil. Nessa edição lançada em novembro de 2021, é possível perceber os impactos da pandemia covid-19 que afetou, assim como quaisquer outros aspectos da vida mundial, a constituição das ações de leitura nacionais, que viram a necessidade de se tornarem mais virtuais, principalmente pelo uso das redes sociais, como Instagram e YouTube, de acordo com o mapeado.

Ao buscar a compreensão de quem constrói o Brasil leitor e de como isso é feito, cria-se um retrato de quem é esse leitor também (fator amplamente analisado pela pesquisa Retratos da Leitura no Brasil, realizada pelo Instituto Pró-Livro — IPL). E nesse último ano a vivência desses leitores vem atrelada com isolamento social, que mediadores tentaram fazer com que fosse apenas físico e não social em seu cerne, buscando criar comunidades de leitura virtuais, comunidades que viam o livro como uma forma de encontro com o outro, seja apenas com o compartilhamento de um espaço virtual sobre livros, seja com a formação de grupos de leitura que efetivamente leem e debatem o lido, de acordo com o trazido na pesquisa. Os projetos de leitura, seriam, dessa forma, um espaço de “resistência, esperança” como duas das idealizadoras da pesquisa trazem em seu prólogo.

A pesquisa, como um todo, é um objeto de análise que pode gerar muitas discussões. Mas, por esta sua edição marcar um acontecimento histórico mundial, é ainda de maior interesse de analistas do discurso o seu estudo. Dessa forma, aqui será trazida uma análise breve, apenas do prólogo da pesquisa, que sintetiza seus objetivos e o que efetivamente foi alcançado durante o processo de escrita e investigação. Entendemos que nossa análise apenas verá a superfície do que pode ser analisado neste objeto, pela sua extensão, mas fizemos esta escolha para que possamos compreender como se dá a introdução de uma pesquisa de grande porte realizada por empresas privadas no panorama histórico atual.

Análise

A pesquisa O Brasil que Lê é resultado de um processo que mapeia iniciativas que buscam promover a leitura no Brasil e, assim como afirmado por seus idealizadores no seu site de divulgação, seu nome retoma estudos sobre a leitura no Brasil:

O nome, que busca realçar o trabalho desses milhares de mediadores de leitura, não é inédito, está na fala e nos atos de todos e todas que fazem esse grande movimento pela formação de leitores. Já o encontramos também em livro de Sérgio Moura e Vania Carvalho, de 2007, da Editora Repertório, e que se chama Histórias de um Brasil que Lê. Mais recentemente, em 2018, O Brasil que Lê foi o nome dado ao livro que divulgou a importante pesquisa “Bibliotecas comunitárias no Brasil: impactos na formação de leitores”, das pesquisadoras Cida Fernandez, Elisa Machado e Ester Rosa, editado pelo Centro de Cultura Luiz Freire e pela Rede Nacional de Bibliotecas ComunitáriasRNBC, assim como o Festival Brasil Que Lê, realizado anualmente pela RNBC. (Sobre a pesquisa, 2020, sem página)

Então, a partir de tais afirmações, os autores afirmam que esta pesquisa é resultado de uma rede de estudos sobre as práticas de leitura no Brasil, iniciada muito antes da sua idealização como uma pesquisa ampla sobre o estado da leitura do Brasil e sua publicação em 2021. A questão da leitura não apenas remonta a estudos sobre o seu estado nacionalmente, mas também a todos os pesquisadores e linhas de pesquisa que a estudam como uma ação individual que depende do contexto ao qual o leitor está inserido, seu título não remonta apenas a pesquisa, mas a toda uma memória discursiva construída em uma comunidade historicamente, principalmente pela fala tanto ouvida de que “brasileiro não lê”, como trazem no encerramento do prólogo:

“Ao fim, uma certeza: há um Brasil que lê e que vale a pena conhecer!”

A pesquisa também remete a iniciativas governamentais sobre a leitura, tal qual o Plano Nacional do Livro e da Leitura (PNLL), que

foi inspirado por princípios de acesso democrático à leitura e, acreditando na sua importância futura para o país, provoca uma reflexão no entendimento de que a leitura é ferramenta necessária para a emancipação de uma nação (NETO, STEINDEL, 2021, p. 175)

Além disso, o PNLL divide-se em quatro eixos, que podem ser observados, alguns mais profundamente e outros menos, na pesquisa O Brasil que Lê: democratização do acesso, fomento à leitura e à formação de mediadores, valorização do livro e comunicação e desenvolvimento da economia do livro (PNLL, 2006, p.12).

Outro ponto importante é que, de acordo com o trazido em seu prólogo, os projetos mapeados mostraram que existem, ou pelo menos puderam ser mapeados, bem menos projetos do que os previstos. O que remete a uma pauta recorrente nos estudos da leitura, a de que ainda é necessária uma democratização da leitura, como afirmou Magda Soares (2004) ao analisar o acesso a bens simbólicos no Brasil, focando principalmente na leitura. Segundo seu capítulo no livro Democratizando a leitura: pesquisas e práticas, publicado em 2004, em 1999, 20% dos municípios brasileiros não tinham biblioteca e 78% das livrarias existentes no Brasil se concentravam nas regiões Sul e Sudeste, segundo dados que a autora traz em seu texto (a existência de bibliotecas relaciona-se a de projetos de leitura, 44,2% dos projetos mapeados pela pesquisa são feitos em bibliotecas). Dados mais atuais são trazidos no artigo As transformações da era digital e o impacto na economia da cultura do livro, de Pozzer e Cunha (2020):

Segundo dados do IBGE (2015) (…) a proporção de municípios brasileiros que possuíam biblioteca pública passou de 76,3%, no ano de 1999, para 97,1% em 2014, o que significa um crescimento de cerca de 27% nesse período, chegando próximo à “universalização” desse “serviço público”. Ainda que os acervos e as condições dessas bibliotecas sejam muito díspares e desconhecidos, é inegável o avanço substancial em termos de política cultural. (p. 62)

Dessa forma, percebe-se que houve um interesse de políticas públicas de aumentar o acesso a livros e a leitura nos últimos anos, o que, como podemos perceber pelas falas na pesquisa, ainda não é considerado o suficiente — o processo de democratização da leitura é constante e deve ser contínuo. Tal acesso a bens simbólicos também é assunto da dissertação A abordagem da cidadania cultural na formulação do plano nacional do livro e da leitura — PNLL, de Amorim (2009), em que

procura retratar a leitura no Brasil e a maneira como o PNLL contribuiu com as demandas culturais brasileiras inserindo o cidadão no “mundo simbólico” da leitura e investigando se suas diretrizes levarão ao atendimento de suas propostas culturais. (NETO, STEINDEL, 2021, p. 178)

Com as falas encontradas no decorrer da pesquisa aqui analisada, podemos perceber que seus autores querem mostrar a situação de acesso aos bens simbólicos hoje pode ter melhorado, mas está longe de ser ideal: dos pelo menos mil projetos (ativos ou não) que os realizadores da pesquisa pensavam mapear, apenas 382, em 24 estados, foram de fato mapeados, a partir de formulário respondido por idealizadores e mediadores, a maioria se concentrando nas regiões Sul e Sudeste.

Sobre esses projetos, Denise do Passo Ramalho, coordenadora da pesquisa, e Gilda Carvalho, diretora do iiLer, afirmam no prólogo do documento:

“Praticam a resistência, esperança”

A partir dessas palavras utilizadas, podemos entender que praticar a resistência e a esperança, ao falar de leitura no Brasil, é lutar por uma democracia do livro, por bibliotecas de fácil acesso a todos, também fora de universidades, é o que querem afirmar em suas falas durante o prólogo. Afirmam que é uma busca da leitura como forma de lazer e de aprendizado. Pois sabe-se que nunca se leu tanto, no sentido geral da palavra, conversamos por mensagens, lemos muito por obrigação. Mas o tipo de leitura mapeado pela pesquisa não é esse, é na leitura por opção que os idealizadores afirmam que a resistência e a esperança se encontram. A pesquisa fala sobre a leitura como exercício de cidadania consciente. Os projetos de leitura, sejam eles governamentais ou não, buscam uma distribuição equitativa desse bem simbólico. Esse discurso produz o sentido, dessa forma, de uma luta pela resistência e pela democracia. E são uma esperança em meio a uma pandemia que tirou de todos muitas esperanças, a esperança da leitura deve permanecer: tal fala faz parte do acontecimento discursivo que é a pandemia. Esta frase também retoma outros trechos do prólogo, como “aqui estão os resultados encontrados, que nos revelam um país sofrido, mas que pulsa e resiste”.

Em relação a sua formulação linguística, ao falar que “Praticam a resistência, esperança” e não “resistência e esperança”, faz-se uma escolha discursiva, talvez inconsciente, que afirma que a resistência dos projetos, apesar das adversidades, é a sua esperança. O modo como isso é dito importa tanto quanto o que é dito, são valores complementares. Ao utilizarem uma vírgula e não o conectivo “e” as autoras mostram-se como sujeitos ideológicos no mundo, trazendo para sua fala sua opinião, construída historicamente: resistência, para elas, anda ao lado da esperança. Numa primeira leitura, o uso de “e” ou de vírgula pode parecer quase que uma criação de uma frase sinônima, mas não, já que falar a mesma coisa de forma diferente não é falar a mesma coisa, as implicações em cada caso são diferentes.

Interessa também, então, saber o que é leitura para o projeto, que deve ser vista “como ampliação do universo cultural, capaz de gerar pensamento crítico e inserção na vida sociopolítica — tudo isso com muito prazer”. Assim, o que pretendem é encontrar projetos que formem leitores, para além da necessidade instrumental (que também é necessária). Ao afirmarem isso, dizem que buscam não apenas projetos que querem garantir apenas a leitura emancipatória, que formariam leitores como profissionais habilitados que trariam maior desenvolvimento econômico e social para o país. Ao introduzir a palavra “lazer” os autores afirmam que a leitura buscada é isso e além. Essa frase apoia-se em todo um já-dito e em todo um contexto do ensino da leitura e da pesquisa sobre o ensino da leitura, que foi usado de referência para a construção da pesquisa.

O ensino da leitura foi e ainda é resistência, historicamente. Esse dizer, então, não surge sozinho, mas constitui um discurso formado socialmente, dentro de uma comunidade. Como afirmam Neto e Steindel (2021) ao falarem de políticas públicas da leitura, principalmente sobre o PNLL de 2006: “A leitura como prática social e integrada a um projeto de nação dissolve-se em camadas coletivas criando uma cultura leitora, uma cultura do livro” (p. 175). Cultura do livro que, atualmente, está completamente atrelada ao acesso a internet, que participa de seu processo democratizante. Assim, chegamos ao outro fator interessante da pesquisa, abordado brevemente em seu prólogo, como trouxemos na introdução: fala-se também sobre redes sociais que, no momento de início da pandemia, se mostraram como um ambiente possível para que projetos se mantivessem ativos e para que outros se iniciassem sem um apoio físico, o que, segundo a pesquisa “configura-se, aos poucos, como prática que veio para ficar”, propiciando uma maior área de atuação dos projetos, que pode assim alcançar mais pessoas. Mas pessoas com acesso a tecnologias de acesso a internet, vale lembrar. Como trazem Pozzer e Cunha (2020) ao falarem da cultura do livro e da compra de livros a partir de livrarias online (outro aspecto relevante sobre a cultura do livro, para além dos projetos de leitura):

Sobre a expansão do comércio eletrônico, não se pode deixar de mencionar que apenas 67% dos domicílios brasileiros declararam ter acesso a internet no ano de 2018, conforme dados da Pesquisa sobre o uso das tecnologias de informação e comunicação nos domicílios brasileiros (NÚCLEO DE INFORMAÇÃO E COORDENAÇÃO DO PONTO BR, 2019) — um grande avanço em comparação ao ano de 2008, quando esse percentual era de apenas 18%. (p. 56)

Acreditamos que tais dados também se mostram relevantes em relação ao acesso a pesquisa, visto que muitos fatores de acesso às redes podem influenciar sua contabilização como projeto de leitura (a pesquisa chegou até o mediador?, o mediador pode acessar o site para se inscrever?, houve problemas de acesso durante a inscrição? etc). Mesmo que houvesse um suporte dos pesquisadores para seu preenchimento e uma grande iniciativa para atender aos projetos, ele praticamente todo era online, com exceção da opção de telefone, nem todas as barreiras puderam ser transpostas:

O iiLer ofereceu uma infraestrutura via site, telefone, WhatsApp e lives periódicas para atendimento aos projetos com dificuldades de inscrição e preenchimento, facilitando o acesso ao questionário e a resolução de dúvidas. (p. 12)

Assim, há um recorte sobre o que é falado no prólogo: há resistência e esperança dentro daqueles que puderam ter acesso ao seu conteúdo, mas também pode haver projetos que não foram mapeados que também seguem essas características — estão fora do recorte ali proposto.

Sobre a sua circulação, a pesquisa se valeu de formulário online extenso para constituir sua base de dados (meio pelo qual também foi majoritariamente divulgada), então também isso de certa forma influencia seu resultado:

Um questionário longo, complexo, com 85 perguntas, acrescidas de dois campos para envio de anexos e informações adicionais, e divididas em blocos: identificação do projeto e do responsável pelo projeto, status do projeto, territórios de atuação, audiência (públicos-alvo), recursos, equipes, justificativas, conceitos e metodologias, metas estabelecidas, atividades realizadas, avaliação e impactos sociais e, por fim, desdobramentos possíveis. (p. 12)

A maior parte dos projetos mapeados se localiza nas regiões Sul e Sudeste, o que faz levantar a hipótese, pelos pesquisadores, de que há condições mais favoráveis de acesso a plataformas virtuais nessas regiões. Assim, no momento em que vivemos, o processo de buscar a leitura como cidadania e como um objeto de democracia, o acesso às redes também deve ser um fator, que já se mostrou muito visível no momento em que escolas tiveram que encerrar suas atividades presenciais e buscar o apoio dos dispositivos técnicos que permitem o seu acesso a distância.

Considerações finais

A partir do trajeto e da análise aqui apresentada, para encerrar esta breve discussão, trouxemos a conclusão de Falkvinge na sua série de postagens The history of copyright, que também ressoa as palavras de Ramalho e Carvalho (2021) no prólogo aqui analisado:

O compartilhamento de arquivos não é apenas um assunto privado. É uma questão de domínio econômico global, e sempre foi. Vamos continuar compartilhando e transferir esse poder dos monopólios para as pessoas. Ensine a todos a compartilhar cultura, e as pessoas vão sair vitoriosas contra o cerceamento de liberdades. (FALKVINGE, 2001, tradução nossa)*

*Original: File sharing is not just a private matter. It’s a matter of global economic dominance, and always has been. Let’s keep sharing and move that power from the monopolists to the people. Teach everybody to share culture, and the people will win against the constrainers of liberties.

O autor escreve o trecho acima para falar sobre o compartilhamento de arquivos, mas a mesma lógica se aplica aos livros como bens simbólicos e culturais: eles não podem ser uma questão de monopólios, mas sim uma parte da cultura que deve estar disponível para todos. Há um discurso recorrente de que tecnologias e a internet cumprem um papel de democratizar bens simbólicos. Mas, como aqui analisado, importa pensar quem possui esse acesso e como fazer para que mais pessoas tenham acesso às redes, que se mostram suporte tanto da realização da pesquisa quanto da sua divulgação. Assim, “praticam a resistência, esperança” não é apenas uma frase dita, mas um reflexo de uma situação histórica e social: o sentido não está apenas nas palavras utilizadas, ele é produzido. As autoras, para além do acesso ao arquivo e memória discursiva que todo falante tem, puderam dizer isso pela situação discursiva em que se encontram e por sua posição social: mostram-se como figuras de autoridade no contexto da pesquisa. Com nossa análise esperamos ter sido capazes de explicar a partir de análise histórica e social, mesmo que superficialmente, os fatos que fizeram que essa fala tenha sido dita e não outra em seu lugar.

Referências

AMORIM, S. R. A abordagem da cidadania cultural na formulação do plano nacional do livro e da leitura — PNLL. 2009. 96 f. Dissertação (Mestrado Profissional em Bens Culturais e Projetos Sociais) — Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro, 2009.

BRASIL. Ministério Da Educação. Plano Nacional do Livro e da Leitura. Brasília, DF, 2006.

CHARTIER, Roger. Formas e sentido, cultura escrita: entre distinção e apropriação. Campinas: Mercado de Letras, 2003.

FAILLA, Z. Retratos da Leitura no Brasil. Rio de Janeiro: Sextante , 2019.

O BRASIL que Lê. O Brasil que Lê, 2021. Disponível em: <https://obrasilquele.catedra.puc-rio.br/>. Acesso em: 7 de março de 2022.

NETO, J. A. S.; STEINDEL, G. E. Políticas públicas do livro, da leitura e da biblioteca inscritas no âmbito da escola brasileira (1946–2010). Humanidades & Inovação, v. 8, n. 32, p. 171–182, 2021.

Pozzer, M. R. O., & Cunha, C. P. da. (2020). As transformações da era digital e o impacto na economia da cultura do livro. Políticas Culturais Em Revista, 13(1), 47–66.

SOARES, M. Leitura e democracia cultural. In: PAIVA, A. et al. Democratizando a leitura: pesquisas e práticas. Belo Horizonte: CEALE/Autêntica, 2004. p. 17–32.

SOBRE a pesquisa. O Brasil que Lê, 2020. Disponível em: <https://obrasilquele.catedra.puc-rio.br/index.php/sobre-a-pesquisa/>. Acesso em: 7 de março de 2022.

FALKVINGE, R. History of Copyright, part 1: Black Death. Falkvinge on liberty, 2011. Disponível em: <https://falkvinge.net/2011/02/01/history-of-copyright-part-1-black-death/>. Acesso em: 5 de abr. de 2022.

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